quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Apesar de vice, geração de 2008 ficou marcada e trilhou caminho vitorioso

A última lembrança não é das melhores e, para muitos tricolores, a noite de 2 de julho de 2008 ainda teima em revirar a cabeça. O pênalti cobrado por Washington e defendido por Cevallos transformou em pesadelo o desejo de conquistar a Taça Libertadores da América pela primeira vez. Mas o sonho tem novo começo nesta quarta-feira, às 22h (de Brasília), no Engenhão, diante do Argentinos Juniors, pela primeira rodada do Grupo 3. E se a disputa mexe tanto com o torcedor do Fluminense, muito deve-se à geração que mostrou que o time das Laranjeiras tem, sim, força para ficar com o título de melhor das Américas.



O vice-campeonato diante dos equatorianos da LDU impediu a coroação coletiva, mas não foi capaz de apagar a campanha histórica e evitar que individualmente muitos colhessem frutos positivos. Dois anos, sete meses e sete dias depois da derrota por 3 a 1 nos pênaltis, Darío Conca é o único remanescente da equipe titular da decisão. Exemplo ideal do quanto a trajetória que incluiu vitórias épicas sobre São Paulo e Boca Juniors contribuiu para o sucesso de grande parte do elenco e, no caso do argentino, por tabela, do Fluminense.


Jogadores da campanha de 2008 hoje em seus respectivos clubes               



  • Fernando Henrique: Ceará
  • Gabriel: Grêmio
  • Thiago Silva: Milan (ITA)
  • Luiz Alberto: Sem Clube
  • Ygor: Figueirense
  • Arouca: Santos
  • Cícero: Wolfsburg (ALE)
  • Conca: Fluminense
  • Thiago Neves: Flamengo
  • Washington: Aposentado
  • Renato Gaúcho (Técnico): Grêmio
Recém-chegado às Laranjeiras, Conca fez da Libertadores seu cartão de visitas ao se tornar, ao lado de Thiago Neves, o condutor da equipe comandada por Renato Gaúcho. No período entre o fim do sonho e a renovação da esperança, nesta quarta, porém, ele escreveu sua própria história com a camisa tricolor, e se tornou ídolo ao ser o protagonista da conquista do título do Brasileirão de 2010.
Melhor jogador da competição de 2008, Thiago Neves foi um dos que colheu maior sucesso imediato ao ser convocado para disputar as Olimpíadas de Pequim, pela Seleção Brasileira, e ser negociado com o Hamburgo, da Alemanha. A passagem pela Europa, no entanto, foi curta, e, após breve retorno às Laranjeiras e um período no Oriente Médio, hoje o apoiador defende o Flamengo.
A rivalidade impede comentários mais efusivos sobre o vice de 2008, mas permite que ele revele a torcida pelo Flu.
- Não dá para dizer que não vou torcer porque tenho muitos amigos. Mas agora minha cabeça é outra, isso faz parte do passado.
O setor de meio-campo, por sinal, foi um dos pontos fortes da equipe comandada por Renato Gaúcho. Vide o sucesso de quase todos os jogadores que atuavam por ali. Prata da casa, Arouca foi contratado no ano seguinte pelo São Paulo, mas foi no Santos que encontrou o sucesso, fazendo parte dos “Meninos da Vila”, ao lado de Neymar e Ganso. Cícero, o curinga do time, trilhou caminho de sucesso no futebol alemão. Primeiro no Hertha Berlim e atualmente no Wolfsburg.
- Aquela Libertadores ficará marcada para sempre, apesar da derrota nos pênaltis. Nossa campanha foi praticamente perfeita. Eliminamos grandes equipes pelo caminho, mas, infelizmente, o destino não quis. São coisas do futebol. O Fluminense está novamente muito forte e tem tudo para brigar mais uma vez pelo título. Acompanho aqui da Alemanha tudo que acontece no Brasil, e o time tem condições de fazer uma bela campanha. Desejo sorte a todos os jogadores – disse Cícero.
Entre os meio-campistas, justamente o mais criticado foi o que não brilhou depois da Libertadores: o volante Ygor. Após a derrota na decisão, ele perdeu espaço, foi negociado com a Portuguesa e hoje em dia defende o Figueirense.
Monstro virou E.T.

E se o meio-campo é o setor que reservou mais trajetórias de sucesso, era na defesa que estava aquele que trilhou o caminho mais bem sucedido: Thiago Silva, ou “O Monstro”. Enquanto seu companheiro Luiz Alberto permaneceu mais uma temporada no clube e saiu desprestigiado para ainda defender, sem êxito, o Boca Juniors antes de praticamente pendurar as chuteiras, o camisa 3 defende o poderoso Milan.
Mais do que isso, também já se tornou ídolo na Itália, onde ganhou mais um apelido, de E.T., se firmou na Seleção Brasileira e ainda disputou as Olimpíadas de Pequim e a Copa do Mundo da África do Sul. De quebra, teve despedida de gala do Tricolor, no fim de 2008, sendo reverenciado diante de um Maracanã lotado.
Já nas laterais, Gabriel e Junior César também foram valorizados. Enquanto o destro foi negociado com o Panathinaikos, da Grécia, e retornou ao Brasil em 2010 para viver bons momentos no Grêmio, também de Renato Gaúcho, o canhoto disputou a Libertadores do ano seguinte pelo São Paulo, clube que defende até hoje.
Outro destaque da competição, Fernando Henrique nunca mais repetiu as boas atuações de 2008. Com altos e baixos, alternou entre a titularidade e a reserva com a camisa do Fluminense, mas ainda assim entrou para a história, sendo o goleiro que mais atuou no título do Brasileirão, em 17 partidas. Ricardo Berna, porém, foi o camisa um na reta final e, sem espaço, FH seguiu para o Ceará no começo de 2011 após mais de uma década nas Laranjeiras.
Renato e Washington: voltas por cima triunfais
Personagens marcantes daquela Libertadores, Renato Gaúcho e Washington viveram em uma montanha russa neste dois anos e meio, mas encerraram 2010 e começaram 2011 em alta. Demitido pouco depois da derrota na final, o treinador deixou a equipe na zona de rebaixamento do Brasileirão. Curiosamente, voltou um ano depois para salvar o clube da mesma situação. Mas não foi feliz, durou cerca de um mês no cargo e novamente foi mandado embora.

Quando muitos apostavam em uma carreira decadente e sem perspectivas, porém, ele deu a volta por cima no ano passado. Responsável por montar grande parte da equipe que levou o Bahia de volta à Série A do Brasileirão, aceitou o desafio de assumir o Grêmio, clube onde é o maior ídolo, na zona de rebaixamento, levou o time à Libertadores, se tornou "Deus", e será adversário do Flu na disputa de 2011.
Para Washington, o destino reservou um roteiro ainda mais especial. Ao se transferir para o São Paulo no fim de 2008, deixou as Laranjeiras sob tempestade de vaias e críticas por parte dos torcedores, permaneceu no Morumbi por um ano e meio, e retornou para encerrar a carreira. Algo previsto somente para o fim de 2011, mas que foi abreviado.
Autor de oito gols, o Coração Valente teve participação importante no título do Brasileirão, chegou a iniciar a pré-temporada, em Mangaratiba, e problemas de saúde o fizeram abandonar os gramados, mas não o Fluminense. Com gols eternizados na campanha do vice (contra Boca Juniors e São Paulo), ele será o embaixador tricolor na disputa deste ano, marcando presença onde quer que a equipe esteja.
Na decisão contra a LDU, em 2 de julho de 2008, o Fluminense jogou com Fernando Henrique, Gabriel, Thiago Silva, Luiz Alberto e Junior Cesar; Ygor, Arouca, Cìcero, Conca e Thiago Neves; Washington. No decorrer da partida, entraram Maurício (hoje no futebol russo), Dodô (na Portuguesa) e Roger (aposentado).
Jogadores que não conseguiram levar o título para as Laranjeiras, mas que nem por isso deixaram de entrar para a história. Afinal, foi com eles que o Tricolor, eliminado na primeira fase em 71 e 85, descobriu o que era vencer na Libertadores e chamou para si a atenção no cenário continental com direito a um roteiro digno de aplausos e repetição. Mas, lógico, com um final feliz.
Fonte: Globo Esporte


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