quinta-feira, 28 de outubro de 2010

De Tuquinha ao Mariano dos 100 jogos e da Seleção

Mariano faz cara feia durante a partida no Pacaembu. Foto: Photocamera/Divulgação


Foi em São João, no sertão de Pernambuco, que Mariano, lateral do Fluminense, nasceu. Mas ainda bem criança, mudou-se para Osasco, interior de São Paulo. De família muito humilde, aprendeu, desde cedo, como superar as adversidades na escola da vida. Nos campos de terra batida, deu seus primeiros passos na bola. Porém, como que por obra do destino, já em seu início conheceu uma pessoa que transformaria sua vida literalmente.

Sérgio Alves era um homem de classe média da cidade. Entrou como voluntário de uma escolinha da região e passou a treinar times de meninos com 9 e 10 anos, dentre eles Mariano e seu próprio filho, Luiz Fernando.

Com o corpo franzino, Mariano logo ganhou o inusitado apelido de "Tuquinha":

- Tinha esse apelido por ser pequeno, magrinho... - explica meio sem jeito o camisa 2 do Fluminense.

As canelas finas que ainda não aguentavam o tranco, se superavam com habilidade e velocidade. Logo, Sérgio, pessoa de coração aberto, enxergou nele um talento e a necessidade da ajuda para que seu sonho se tornasse realidade.

- A família dele era muito simples e passei a dar um auxílio. Ajudei a tirar o primeiro passaporte, levava-o aos treinos, sempre o orientava, e ele tornou-se muito amigo do meu filho. A paixão que eu tenho por ele é de pai para filho - diz Sérgio, ao LANCENET!, contendo a emoção logo nas primeiras palavras.

A carreira não demorou muito a deslanchar. Da escolinha foi para o Esporte Clube Osasco e, após destaque em um campeonato, transferiu-se para o Guarani. No Bugre, passou a morar no alojamento embaixo das arquibancadas do Estádio Brinco de Ouro e se viu diante de um entrave antes de poder começar a atuar nas divisões de base.

- O presidente do Osasco, na época, não queria liberá-lo. Como conhecia o presidente da patrocinadora do time profissional do Osasco, pedi ajuda. Foi quando esse meu amigo disse que tinha um cheque a entregar para o Osasco e colocou como condição para a entrega liberar o Mariano. Então o Osasco aceitou e, só após isso, ele foi regularizado - conta Sérgio, hoje com 55 anos.



Com 15 anos, fez sua primeira viagem internacional pelo Bugre. Porém, antes de partir rumo ao Japão para disputar um torneio, Sérgio, mais uma vez mostrando sua preocupação, o encontrou e lhe deu certa quantia em dólares para que não passasse nenhum tipo de aperto. A recompensa, mais uma vez, viria através de boas notícias.

- Lá no campeonato, o time foi à final e, na partida, surgiu um pênalti. Alguém lá "pipocou" para fazer a cobrança, o Tuquinha pediu para bater, fez, e o Guarani foi campeão. Depois fui chamado pelo clube para as cerimônias e foi muito emocionante - relembra.

Quando Mariano chegou ao profissional, Sérgio viu-se no maior dilema da sua vida. Isso porque o "filho de consideração" havia sido relacionado para a partida contra o Palmeiras do seu coração e tinha chances de entrar e estrear. Acabou que não deu outra...

- Quando o locutor anunciou que ele entraria, percebi que era mais Mariano Futebol Clube do que palmeirense - confessa.

De lá a carreira foi deslanchando até a afirmação no Fluminense. Recentemente, Sérgio se deparou chorando como criança lendo a notícia na internet de que "seu menino" havia sido convocado para a Seleção Brasileira. Mariano, no auge da boa fase e com 100 jogos com a camisa tricolor a serem completados nesta quinta-feira, contra o Grêmio, no Engenhão, faz questão de mostrar toda sua gratidão.

- O Sérgio, para mim, é como um segundo pai, pois foi um cara que sempre me ajudou. Desde a primeira vez que joguei na escolinha ele me ajudava. O que ele fez por mim não tem como explicar. Foi uma ajuda de pai para filho e a gente vem mantendo isso. Tenho um orgulho muito grande dele e espero que ele sempre esteja ao meu lado. Hoje posso dizer que ele faz parte da minha família. Foi uma coisa muito legal na minha vida - desabafou o eterno Tuquinha de Osasco.

Fonte: Lancenet!

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